6 de setembro de 2011



...Bonita mesmo ela nunca foi,
sobre isso todos sempre estiveram de acordo.
Ainda mais agora, já quarentona, os cabelos muito finos e lisos
eternamente presos num coque sem graça,
os olhos parados numa expressão estranha, misto de ironia e tristeza.
Mas não se pode negar que tinha algo diferente
— alguma coisa assim que transcendia o corpo e ficava pairando ao seu redor
como… como uma névoa vaga de manhã de outono.
(Ia dizer auréola, mas essa palavra lembra santa e isso eu garanto que ela nunca foi.)
O fato é que ela possuía uma graça especial,
talvez o modo como se debruçava à janela,
ou mesmo o jeito oblíquo de sorrir apertando os lábios,
como se temesse revelar no sorriso todo o seu mundo interior...

(Caio F. Abreu)

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